28/03/2024

Gaeco: delegado e policiais usavam sacolas para asfixiar vítimas

Mandados de prisão contra delegado e investigadores em Colniza foram cumpridos nesta terça-feira

O delegado da Polícia Civil Edison Ricardo Pick e os investigadores Woshigton Kester Vieira e Ricardo Sanches, presos nesta terça-feira (16) durante a Operação Cruciatus, teriam usado sacolas plásticas para asfixiar suspeitos de crimes na cidade de Colniza (a 1.065 km de Cuiabá).

 

A informação consta no pedido de prisão preventiva feita à Justiça pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPE-MT). As prisões foram determinadas pelo juiz Ricardo Menegucci.

 

O Gaeco descreve, no pedido, torturas contra três vítimas: M.W., W.G.O. e um adolescente de 17 anos.

 

“Com efeito, a prática de tortura deu-se, em tese, em três oportunidades, inclusive, conforme o Ministério Público, repetindo-se o modus operandi em duas ocasiões – uso de sacola para asfixiar o ofendido”, afirmou o juiz, em trecho da decisão em que manteve as prisões preventivas dos três investigados.

 

Foi o delegado Pick, ele me ameaçou de morte. Ele é meio baixo, meio ‘zarolho’. Ele colocou a sacola umas sete vezes na minha cabeça. Minha esposa presenciou tudo

No caso da vítima W.G.O., foi relatado pelo MPE que os policiais invadiram a sua casa para cumprir um mandado de prisão. O suposto crime por ele cometido não é citado no documento.

 

Na ocasião, ele estava sem roupas e a esposa, que estava em casa, viu toda a cena.

 

“Foi o delegado Pick, ele me ameaçou de morte. Ele é meio baixo, meio ‘zarolho’. Ele colocou a sacola umas sete vezes na minha cabeça. Minha esposa presenciou tudo”, contou W. à polícia à época dos fatos.

 

Ele disse que, seguido das agressões, ainda vinham ameaças como: “Se você abrir a boca para o juiz, eu vou te matar”.

 

Já o adolescente, à época com 17 anos, relatou ao MPE que, em janeiro deste ano, o investigador Kester e outros policiais – não identificados –, junto ao delegado Pick, utilizaram de violência contra ele, após ser flagrado com porções de droga.

 

“Desferiram socos, tapas, chutes na costela e seguraram o ofendido pelo cabelo, além de colocarem uma sacola na cabeça deste, com o objetivo de asfixia-lo, tal como retratado no popular filme ‘Tropa de Elite’”, consta em trecho do depoimento do garoto.

 

“A tortura era praticada contra o declarante com a finalidade de que ele informasse a existência de novas drogas e supostamente de uma pistola […]. Após as torturas, os policiais ameaçaram o declarante dizendo que se ele denunciasse, mataria todos”, diz trecho do depoimento do menor, destacado na decisão.

 

No caso da terceira vítima, M.W., as agressões supostamento cometidas pelo policial Kester teriam ocorrido durante a sua prisão em flagrante. O suposto delito cometido por ele não é citado na decisão.

 

Montagem

Operação cruciatus

Os investigadores da Polícia Civil Ricardo Sanches e Woshigton Kester Vieira presos na manhã desta terça-feira

Durante a apuração desse caso, M.W. foi levado para a Delegacia de Colniza para prestar declarações. Ele alega que, na delegacia, foi torturado novamente, pelo mesmo agente – desta vez, na presença do delegado.

 

As declarações foram corroboradas pelos depoimentos do diretor da Cadeia Pública de Colniza e de dois agentes penitenciários.

 

“As agressões descritas nos depoimentos do ofendido e das testemunhas mencionadas são compatíveis com as lesões apontadas no exame de corpo de delito”, diz o juiz.

 

“Enfatiza-se que a representação ministerial não está apenas fundamentada em declarações dos ofendidos e seus respectivos familiares, instruindo o parquet o pedido também, com oitivas de servidores públicos, perícia médica e fotografias”, diz trecho da decisão.

 

Audiência de custódia

 

O delegado e os dois policiais civis passaram por audiência no fim da manhã desta terça-feira e a prisão preventiva do trio foi mantida.

 

Conforme determinação do juiz Ricardo Menegucci eles serão encaminhados para o Centro de Custódia da Capital (CCC), em Cuiabá.

 

 

 

Fonte: http://www.midianews.com.br

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