O presidente eleito, Jair Bolsonaro, decidiu cortar da lista de possíveis ministros o senador e candidato derrotado à reeleição Magno Malta (PR-ES) após receber informações de que o aliado fez viagens para aproximar o empresário Eraí Maggi da campanha do PSL e, até mesmo, usar sua proximidade para defender nomes que poderiam compor um eventual governo. Pelos dados recebidos por Bolsonaro, Maggi teria colocado à disposição do senador um jatinho particular para alguns deslocamentos e ainda abriu sua fazenda para encontro com ruralistas.
Em conversas com aliados, Bolsonaro chegou a avaliar também uma entrevista dada pelo cobrador Luiz Alves de Lima, de Vitória, que foi preso e sofreu tortura depois de ser acusado de pedofilia por Malta em 2010. Anos depois, a Justiça absolveu Alves. Na quarta-feira, 5, Bolsonaro disse que o perfil do senador “não se enquadrou” no futuro ministério, mas que ele ainda poderia estar “em outra função”.
Malta não registrou deslocamentos em jatinhos do empresário nas prestações de conta ao TSE. Ele disse ter gasto na campanha R$ 163 mil em veículos, R$ 50 mil em combustível e R$ 273 mil em carros de som. Ao Estado, o senador informou que não participou “da negociação, contratação e pagamento de aeronave”. Segundo a assessoria, a aeronave foi contratada pelo Podemos de Mato Grosso.
A relação de Bolsonaro e Malta era próxima até o resultado do segundo turno das eleições. O senador chegou a receber o convite de Bolsonaro para fazer uma oração de agradecimento pela vitória nas urnas.
A família do presidente eleito, porém, reclamava que Malta não teve sensibilidade ao entrar no quarto em que Bolsonaro estava internado – após ter sido vítima do atentado a facadas – para fazer imagens. Numa das fotos, quem aparece ao lado de Bolsonaro é Maggi, levado pelo senador. Foi quando começou a circular a possibilidade de o deputado e candidato derrotado ao Senado Adilton Sachetti (PRB-MT) assumir a pasta da Agricultura num eventual governo. Próximo a Maggi, Sachetti era um nome negociado por Malta para o ministério sem aval de Bolsonaro.