(Por: Gustavo Castro)
Em entrevista exclusiva ao Jornal da Capital 2ª edição, da rádio Capital FM, o presidente do Sindicato dos Enfermeiros de Cuiabá, Djamir Soares, denunciou uma suposta lavagem de dinheiro dentro da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá.
Segundo Djamir, tudo começou quando ele começou a questionar a existência de 9 engenheiros dentro do estabelecimento, e ao começar a investigar o motivo da contratação dos profissionais, descobriu, através de terceiros, que na Santa Casa existe uma empreiteira, pertencente um político mato-grossense, o que leva a crer que no hospital acontece uma espécie de lavagem de dinheiro.
“Foi aí que eu comecei a entender porque as emendas tinham que passar pela Santa Casa (…) Isso foi me reportando esta semana por trabalhadores de lá dentro. Por isso que agora eu entendi porque existem 9 engenheiros dentro da Santa Casa e porque dinheiro sempre passa por lá. Escorre, porque lá não fica”, revelou o enfermeiro.
Djamir conta ainda sobre os aparelhos de ressonância magnética, que custaram cerca de R$ 2,5 milhões, supostamente comprados para atender a demanda do hospital, mas que, segundo o presidente, nunca chegou ao estabelecimento. “Onde é que foi instalado este aparelho de ressonância magnética? Porque um aparelho desses quando você paga, a empresa te entrega, mas onde é que ela foi instalada? Alguns rumores dizem que foi em Primavera do Leste (distante a 24º km de Cuiabá), outros dizem que em Sinop (a 505 km de distância). Ninguém sabe ao certo, mas que saiu da indústria, saiu”, questionou.
O presidente dos enfermeiros também revelou a presença de supostas ‘notas frias’ na compra de outros equipamentos para o estabelecimento, a exemplo de um aparelho de raio-x multifuncional, que teria custado R$ 100 mil e chegou com a nota de R$ 250 mil, uma diferença de R$ 150 mil.
Ultimamente, a Santa Casa se tornou o alvo preferido dos parlamentares para envio de emenda parlamentar, uma das maneiras de manter as portas da instituição abertas para a população, que está sofrendo com a suspensão dos trabalhos. O mais recente foi do primeiro suplente de deputado federal, Valtenir Pereira (MDB), que conseguiu, junto a Bancada Federal, articular um repasse de R$ 12,4 milhões para o hospital filantrópico. O prefeito Emanuel Pinheiro, no entanto, se comprometeu a ajudar a instituição e afirmou que repassaria R$ 3,6 milhões para o estabelecimento, que não aconteceu.
Djamir critica o fato de outros hospitais da capital não terem recebido nenhuma emenda parlamentar, ao passo que a Santa Casa recebeu R$ 42 milhões. Segundo ele, os recursos, para serem liberados, precisam de um ‘conselho curador’, que ele alegava desconhecer. No entanto, começou a ‘apertar’ e descobriu nomes que vão do atual diretor da Santa Casa, passa pelo prefeito Emanuel Pinheiro, pessoas do TCE, da maçonaria, promotores de justiça e, inclusive, Valtenir Pereira.
Outro fato curioso, detalha Djamir, é a quantidade de cirurgia plástica particular realizada no hospital, que é filantrópico, portanto, sem fins lucrativos, mas controlado pelo SUS. São cerca de 6 cirurgias diárias, e os cirurgiões chegam a cobrar R$ 10 mil. Valor que incomoda os demais funcionários do hospital, visto que eles estão sem receber salário há pelo menos seis meses. Deste modo, a Santa Casa agora não realiza mais cirurgias plásticas particulares.
Por fim, o presidente do Sindicato dos Enfermeiros fala sobre a situação dos funcionários do hospital filantrópico atualmente. Djamir diz que, para quitar os salários atrasados dos servidores, seria preciso, no mínimo, R$ 30 milhões. Fora isso, a Santa Casa possui bastante dívida na praça, principalmente trabalhista. A situação é tão grave, que existem servidores com ordem de despejo de casa, outros com água e luz cortadas e tem gente até sem comida.
Fonte: capitalnoticia.com.br