28/03/2024

Delegado afirma que professora e sobrevivente da Valley carregarão consequências para o resto da vida (03/11/2019

Delegado afirma que professora e sobrevivente da Valley carregarão consequências para o resto da vida

O titular da Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito (Deletran), Christian Cabral, responsável por investigar o acidente em frente a Valley Pub, ocorrido em dezembro de 2018, em Cuiabá, que vitimou Mylena de Lacerda Inocêncio e Ramon Alcides Viveiros, disse que a professora Rafaela Screnci da Costa Ribeiro e a única sobrevivente, Hya Giroto Santos, ambas indiciadas pela Polícia Civil por responsabilidade no fato, nunca mais serão as mesmas. “Carregarão, infelizmente, as consequências psicológicas para o resto da vida”.

“As nossas investigações, em relação a crime de transito, tem diferencial positivo. Qualquer pessoa pode ser uma vítima ou responsável por este tipo de delito. Sempre agimos de forma a conferir o tratamento isonômico a todos. No caso da Valley, tínhamos a condutora que causou o acidente e a vítima, que sobreviveu, mas também contribuiu para o acontecido. Se uma das duas tivesse uma atitude diferente, poderia ter evitado aquilo”, explicou o delegado.

Christian aproveitou para explicar o motivo de também ter indiciado Hya. “Suportar os efeitos emocionais e psíquicos, as duas suportaram. Depois daquele dia, nenhuma das duas será mais a mesma. Carregarão, infelizmente, as consequências psicológicas para o resto da vida. Ainda assim, precisam responder pelo que fizeram”.

Apesar do indiciamento por parte da Polícia Civil, o Ministério Público de Mato Grosso (MPE) promoveu o arquivamento do inquérito policial em relação a Hya Girotto Santos, vítima indiciada como coautora, “por absoluta atipicidade de sua conduta” e requereu a comunicação a autoridade policial para baixa do indiciamento.

No caso da professora Rafaela, foi oferecida denúncia pelo crime de homicídio na modalidade de dolo eventual (por duas vezes) e homicídio tentado.

“O pedestre é tão responsável pela segurança no trânsito quanto os condutores de veículo. Muitas vezes, principalmente na faixa de pedestre, as pessoas se comportando como se fossem detentoras de prioridade exclusiva. Temos muito pedestres que causaram acidentes por isto. O condutor ou pedestre tem prioridade de passagem, mas não dispensa a estas pessoas a agirem com atenção e observarem a movimentação. Quem se comporta fora disto, ainda que seja vítima, será responsabilizado”, acrescentou Christian.

O delegado ainda comentou o impacto que o acidente teve na sociedade. “Muda a cabeça. É a velha história de que enquanto as coisas acontecem na casa do vizinho, a gente não liga. Quando vitimou esta categoria de pessoas, os jovens se enxergaram como vítimas potenciais. A incidência, após o caso Valley, de incidentes com jovens teve diminuição. Possivelmente, por conta do resultado deste caso. Faz com que as pessoas se enxerguem naquela situação”, finalizou.

Os crimes aconteceram no dia 23 de dezembro de 2018, na Avenida Isaac Povoas. Na ocasião, a denunciada atropelou Mylena de Lacerda Inocêncio, Ramon Alcides Viveiros e Hya Giroto Santos, causando a morte das duas primeiras vítimas e gravíssimas lesões corporais na terceira.

Ao dirigir em notório estado de embriaguez e em velocidade acima do permitido, conforme o MPE, a acusada assumiu o risco de produzir o resultado morte.

“Imagens de câmeras instaladas da Boate Malcon, onde a denuncianda estava até poucos momentos antes, mostram que ela cambaleava à porta de um banheiro, com ânsia de vômito. Mesmo naquele estado de embriaguez assumiu a direção do veículo dirigindo-o por cerca de dois quilômetros até o local do crime”, diz um trecho da denúncia.

Ao contrário da conclusão do delegado de polícia, o entendimento do MPE é de que a vítima Hya Girotto Santos não poderia ser denunciada por participação ou coautoria nos crimes, pois não houve vínculo subjetivo (consciência e vontade) entre os participantes.

Argumenta ainda que a referida vítima “não teve sequer conhecimento do que a motorista viria a fazer e, portanto, não poderia ter consciência de que colaborava de alguma forma para o evento que vitimou fatalmente a seus dois amigos e causou, em si própria, gravíssimas lesões corporais, as quais felizmente não resultaram na sua morte”.

As imagens captadas em tempo real por câmeras de TV em vias públicas, no dia da ocorrência, segundo o MPE, afasta a possibilidade de participação consciente e voluntária de Hya Girotto. Além disso, o seu comportamento não apresentou semelhança às modalidades de participação previstas no Código Penal (instigação ou induzimento e cumplicidade). O MPE argumenta ainda que a causa determinante dos crimes foi, inegavelmente, a ação da motorista do veículo.

 

Fonte: https://www.olhardireto.com.br

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